Intervenção Precoce – Detectar e Actuar

Os estudos publicados na literatura internacional indicam que desde a década de 80 se tem vindo a registar um aumento da sobrevivência dos recém-nascidos de muito baixo peso.
Os bebés prematuros ou com muito baixo peso ao nascer enfrentam um significativo conjunto de problemas durante a fase perinatal. Por este motivo, são considerados bebés em situação de risco biológico, uma vez que poderão apresentar problemas ao nível do desenvolvimento psicomotor (Kitchen &Murton, 1985), também demonstrado num estudo efectuado no H.S.F.X em parceria com a FMH.
Sendo a prematuridade uma população considerada de risco, têm surgido novas metodologias na área do desenvolvimento.
O acompanhamento destas crianças tanto na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) como após a alta hospitalar tem-se modificado de forma a proporcionar à criança e sua família uma melhor qualidade de vida. Nascer numa situação de risco perinatal elevado comporta riscos aumentados quer para a sobrevivência do bebé , como para a qualidade de vida que terá no futuro.
Nas UCIN os bebés prematuros já têm um acompanhamento mais individualizado e um conjunto de técnicas que permitem um melhor desenvolvimento, já é utilizada a massagem e o método de Canguru.
Ainda nas UCIN existe o cuidado de uma avaliação mais formal permitindo fazer um despiste muito precoce de perturbações de desenvolvimento, sendo desta forma encaminhados de imediato para um apoio mais especializado.
No entanto existem bebés que têm alta hospitalar, com um desenvolvimento adequado e mais tarde são encaminhadas ou pela consulta de desenvolvimento ou pelos pediatras que os acompanham em concordância com os pais.
Os pais estão cada vez mais atentos e muitas vezes são eles que detectam alguma alteração de desenvolvimento.
Após o encaminhamento é realizada uma avaliação formal da criança, e uma avaliação dos recursos e das necessidades da família, permitindo desta forma realizar um plano de Intervenção para a criança e sua família de acordo com o perfil psicomotor obtido na avaliação. Cada Intervenção é adaptada às necessidades da criança e suas características e aos recursos, necessidades e objectivos dos pais.
A finalidade da intervenção é a promoção e a melhoria da organização neuropsicomtora do bebé no maior número de situações e contextos possíveis, em casa, na creche, falamos de uma intervenção ecológica.
É preciso seleccionar quais as situações-problema a construir nas sessões de intervenção e quais as estratégias de mediatização a adoptar no processo relacional entre o técnico e o bebé.
No âmbito da selecção das situações-problema é preciso ter em consideração que a motricidade em si é um pretexto, o que verdadeiramente conta é a mediatização das funções psíquicas, isto é emocionais e cognitivas que presidem à organização do plano motor.
O recurso a tais estratégias de mediatização postas em prática pelo técnico deve reforçar, contribuir e acelerar a plasticidade e a modificabilidade dos potenciais psicomotores do bebé.
Esta intervenção aplica-se não só ao bebé prematuro, como a outras perturbações de desenvolvimento.

Dra. Isabel Paz – Pediatra de Desenvolvimento
Dra. Sandra Antunes – Tec. Sup. De Ed. Esp. e Reabilitação/ PsicomotricistaI