ACOMPANHAMENTO AO ESTUDO

Para que estudar seja ainda mais fácil

Nem sempre o interesse pelo estudo e aprendizagem é intrínseco, há crianças que o encaram como uma tarefa aborrecida e obrigatória, não conseguindo realizá-lo sozinhas ou fazendo-o sem motivação e empenho, o que na maioria das vezes acaba por se repercutir nos seus resultados escolares. Assim, o apoio e acompanhamento de um adulto, seja ele um familiar, professor ou terapeuta, pode ser uma maneira de aumentar a motivação e sucesso escolar da criança.
O desenvolvimento cognitivo resulta da interacção entre a criança e as pessoas com quem esta contacta regularmente, ou seja, o seu desenvolvimento e aprendizagem dependem tanto da imitação do adulto, como do ensino e do acompanhamento que a criança recebe deste a nível escolar e social. Deste modo, o apoio escolar que é dado à criança, dentro e fora da sala de aula, é fundamental para o seu desenvolvimento e sucesso académico, pois “a criança fará sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação” (Vygotsky, 1978).
O acompanhamento ao estudo é, então, de uma importância fundamental, sendo que este se refere a uma actividade de aprendizagem fora do período de aulas com o principal objectivo de ajudar as crianças a colmatar as suas dificuldades, a encontrar as melhores estratégias de estudo e a aumentar a sua motivação, interesse e prazer pela aprendizagem (Defs, 2006). Por outras palavras, diz respeito à adequação das crianças a métodos de estudo e de trabalho de forma a proporcionar-lhes um conjunto de atitudes e de capacidades que favoreçam uma maior autonomia e confiança na realização das suas aprendizagens, criando-lhes rotinas de estudo e a capacidade de aprender a aprender.
Aos pais, professores ou terapeutas compete, então, a tarefa de promover nas crianças capacidades tão importantes como o saber estar, comunicar, respeitar opiniões, organizar o seu estudo, tempo e espaço e conhecer as suas capacidades e o modo como pode potenciá-las. Além disso, os pais ou outros adultos que acompanham a criança devem estimular a discussão e reflexão dos temas que estão a ser leccionados na escola, tornando este mais um momento em que se desafia a criança a resolver problemas, a compreender e interpretar ideias e conceitos e a transferir os novos conhecimentos para a vida, ou seja, a estimular e descobrir todo o seu potencial. O acompanhamento ao estudo permite, assim, ao adulto não só estar mais próximo da criança, como também identificar, caso exista, alguma dificuldade que ela possa demonstrar na sua aprendizagem.
Ao aprenderem técnicas de estudo, as crianças e jovens ficam mais capazes de obter sucesso académico e sucesso na sua vida pessoal e profissional futura, compreendem que são eles os autores da sua aprendizagem e que esta depende do modo como se empenham, como a encaram e como gerem o estudo. Assim, no acompanhamento ao estudo, os adultos devem procurar que as crianças, com ajuda, estabeleçam metas para si próprias e considerem como poderão vir a atingir determinados objectivos. Todas as crianças são capazes de aprender e de melhorar os seus desempenhos académicos, tendo os professores, pais e terapeutas um papel determinante neste processo. Deste modo, é muito importante que a criança comece por conhecer melhor as suas potencialidades, aprendendo a aproveitá-las, bem como as suas fraquezas, aprendendo a minorá-las. Sob este ponto de vista, o adulto deverá ser apenas um orientador para a criança alcançar os seus objectivos.
No entanto, nem sempre o acompanhamento ao estudo é bem aceite pelas crianças, sobretudo pelas mais velhas. O desinteresse e a desmotivação podem ser as principais barreiras que surgem no decorrer do estudo, cabendo, então, ao adulto ter uma atitude empática, perspectivando cada criança que acompanha como única, pois apenas deste modo poderá conhecer os seus estilos cognitivos e interesses, ir ao encontro das suas necessidades e ajudá-la a desenvolver as suas competências emergentes.
Os adultos responsáveis pelo acompanhamento ao estudo devem procurar criar uma parceria com todos os adultos que acompanham a criança neste âmbito, ou seja, deve haver troca de informação entre a família, a escola e, quando necessário, os terapeutas, para que todos trabalhem para o mesmo fim.
Dra. Paula Santos
Dra. Inês Tecedeiro
Dra. Cátia Ornelas
Licenciadas em Reabilitação Psicomotora

Dra. Ana Sofia Cruz 
Licenciada em Educação de Infância
Mestre em Educação Especial